Thursday, October 30, 2008

Dezoito pontos

Há dezoito pontos em disputa.

São Paulo e Cruzeiro são, teoricamente, os times que têm mais condição de conquistá-los.

Primeiro o São Paulo, que não pega concorrentes diretos e fora de casa visita a Portuguesa, o Vasco e o Goiás, na última rodada.

Segundo o Cruzeiro, que tem tabela um pouco mais complicada, mas pode vencer o Flamengo no Mineirão e o Inter, sem grandes perspectivas e talvez disputanodo a Copa Sul-Americana, no Beira-Rio.

Agora, ainda, teoricamente, o Palmeiras não demonstra força para vencer o Flamengo no Maior do Mundo, o Grêmio não parece ter força para vencer o Palmeiras no Jardim Suspenso e o Flamengo não parece ter força para vencer o Cruzeiro no Mineirão.

Isso porque Palmeiras e Grêmio fizeram, nas últimas rodadas, jogos pífios fora de casa. E o Cruzeiro, no Mineirão, vem sim jogando bem a ponto de ser favorito diante do Fla.

Assim, São Paulo estaria um passo a frente, Cruzeiro na cola, e Palmeiras, Grêmio e Fla atrás.

Vírgula.

Teoricamente.

Wednesday, October 29, 2008

Cruzeiro e Grêmio: mais que três pontos

Nenhum dos cinco times que disputa o título conseguiu ser convincente a ponto de se tornar um verdadeiro favorito ao título Brasileiro. Todos mostraram durante toda a campanha certas fraquezas que estão sendo colocadas à prova nas últimas rodadas. Cruzeiro e Grêmio, hoje, no Mineirão, põem suas fragilidades em campo restando sete rodadas para o fim da liga.

O Cruzeiro não tem ido bem nos confrontos diretos. Nas três visitas até aqui, perdeu para Palmeiras no Palestra, Grêmio no Olímpico e São Paulo no Morumbi. Em casa, perdeu para o Palmeiras, empatou com o São Paulo e venceu apenas o Flamengo. Ou seja, em seis jogos contra os concorrentes, quatro derrotas, um empate e uma vitória. Assim, os jogos contra Grêmio e Fla são as provas da força que o time celeste pode, ou não, mostrar.

O Grêmio vem jogando muito mal fora de casa. Nas últimas seis partidas longe do Olímpico, três empates e três derrotas, as duas mais recentes para o Internacional, no clássico que terminou 4 a 1 para o Colorado, e para a Portuguesa, 2 a 0 passivo no Canindé. O Grêmio que visita o Cruzeiro visita também o Palmeiras e aposta em uma recuperação longe da torcida que, no mínimo, não deixe os rivais somarem três pontos.

A partida do Mineirão é a mais emblemática da rodada.

Não define título nem classificados para a Libertadores, mas aponta, para Celso Roth e/ou Adilson Batista, o que gremistas e cruzeirenses podem fazer em situação de pressão. E no mais importante momento de confirmação de suas campanhas no Brasileirão.

Tuesday, October 28, 2008

Professor Maradona

Certa vez Zico afirmou que não comandaria o Flamengo porque não gostaria de enfrentar tal situação com a torcida, que vira e mexe pede o boné de técnicos e cartolas, quando a crítica não se torna uma ofensa que toma ares de agressão moral ao profissional. Roberto Dinamite vive isso hoje, ouvindo alguns dos vascaínos que tanto comemoram seus gols clamarem pela volta de Eurico Miranda e a saída do ex-centroavante da presidência.

Maradona assume a Argentina. Ponto.

Maradona não é o único dos gênios do futebol, mas sem dúvida é o futebolista mais aclamado por uma torcida em todo o planeta. Os argentinos criaram até uma Igreja Maradona, e a representatividade do ídolo é algo incrível, que não serve nem de parâmetro para a relação Pelé-Brasil, por exemplo.

Agora, Maradona corre riscos? Assumi uma seleção em momento delicado, de resultados apenas regulares nas eliminatórias. A Argentina não chega a uma semifinal de Copa do Mundo desde 1990, e não vence uma Copa América desde 1993, perdendo inclusive as duas últimas para o Brasil.

Sergio Batista e José Luis Brown integrarão a comissão com Dieguito. A missão é complicadíssima, e resta aguardar o quão paciente será a torcida, formada na totalidade por fãs de Maradona, em relação ao trabalho do craque enquanto técnico.

Diria que pode ser melhor que Dunga. Mas, se não, o fim pode ser muito mais trágico.

Se seguir este aquecimento, quem sabe os hermanos não dão samba na África-2010:

Tantas finais quanto precipitações

No Campeonato Brasileiro de pontos corridos, o chavão 'todo jogo é uma decisão' é colocado em prática. Realmente, torcida, jogadores, comissões técnicas e imprensa passaram a tratar, a partir de 2003, cada singela partida com a importância que tem direito no contexto da tabela.

A partir daí, cada rodada 'decisão' cria eliminados e favoritos tais como um torneio mata-mata.

Dez rodadas para o fim - Torcida do Flamengo lota o Maracanã com 80 mil pessoas diante do Atlético-MG, e o placar final é 3 a 0 para o Galo. "Fla dá adeus ao título", disseram. Aí o Rubro-Negro vence o Vasco por 1 a 0 e arrebenta o Coritiba num 5 a 0 empolgante. Está quatro pontos atrás do Grêmio.

Nove rodadas para o fim, 17h - Intervalo no Palestra, Palmeiras 0 x 2 São Paulo. "São Paulo sempre cresce, ganha e é campeão". Palmeiras empata, se mantém na frente do rival e o Tricolor segue no bolo do G4.

Nove rodadas para o fim, 20h - Canindé, Portuguesa 2 x 0 Grêmio. "Ah, o Grêmio tá fora. Depois do clássico no Parque Antártica e essa partida desastrosa do Grêmio, já era, Palmeiras e São Paulo atropelam". Grêmio vence Sport, Palmeiras e Cruzeiro perdem, e o Tricolor gaúcho abre três pontos na liderança.

Oito rodadas para o fim, sexta-feira - Grêmio, São Paulo e Flamengo vencem em casa. "Resta Palmeiras e Cruzeiro ganharam no sábado para mostrar que estão firmes na briga".

Oito rodadas para o fim, sábado, 17h - Intervalo no Maracanã, Fluminense 3 x 0 Palmeiras. "Verdão fora do G4. Da disputa do título pode ficar fora da Libertadores".

Oito rodadas para o fim, sábado, 20h - Atlético-PR 1 x 0 Cruzeiro. "Celeste mostra que, na hora da decisão, não vence".


Restam sete rodadas. Se o Palmeiras vencer o Goiás, vai com moral pra cima do Santos, na Vila, e segue na briga. Se perder, adeus. Se o São Paulo vencer o Botafogo fora, mostra-se imbatível na reta final, se não, demonstra que pode ser superado por qualquer um. Cruzeiro e Grêmio no Mineirão: se der Cruzeiro, 'o Grêmio não é tudo isso e os mineiros provam que jogando pra cima, ofensivo, em casa, dá pra ser campeão'; se der Grêmio, a raça gaúcha imortal copeira e a camisa levarão o caneco para o Olímpico. Flamengo visita o Vitória. Ganha, embala, e ninguém segura. Tropeça, é irregular, e deve ficar mesmo lutando pela Libertadores.

A repercussão e as manchetes estão prontas, basta arriscar. Ou não. Prefiro acreditar que, com ainda 21 pontos pela frente, muita coisa pode acontecer. Até lá, finais e precipitações.

Friday, October 24, 2008

O segundo cinco a zero

Na quarta rodada do Brasileirão 2008, o Flamengo venceu o Fluminense no clássico do Maracanã por 1 a 0. Eficiente, mas sem muito convencer, o gol saiu no final. Como o clássico fora como visitante, a partida seguinte reservou novo jogo no Maior do Mundo: 5 a 0 no Figueirense, desta vez sim, convincente.

Na trigésima rodada do Brasileirão 2008, o Flamengo venceu o Vasco no clássico dos Milhões por 1 a 0. Eficiente, mas sem convencer, o gol foi contra. Como o clássico fora como visitante, a partida seguinte reservou novo jogo no Maior do Mundo: 5 a 0 no Coritiba, desta vez sim, convincente.

O time que venceu pela primeira vez por 5 a 0 tinha Bruno; Léo Moura, Fábio Luciano, Ronaldo Angelin e Juan; Jônatas, Ibson e Toró; Marcinho, Maxi e Souza. Jônatas, Marcinho e Souza não fazem mais parte do elenco, que capengou após aquele ótimo começo e agora mostra que pode sim ter forças para disputar o título.

Naquele jogo, foram três de Marcinho e dois de Souza. Neste, participação efetiva de todo o ataque, gol de Léo Moura, Obina, Ibson, Maxi e até do goleiro Bruno, de pênalti.

Nos confrontos diretos que tem pela frente, o Fla recebe o Palmeiras e visita o Cruzeiro. Jogos da rodada 35 e 36, que podem definir o que o time pode alcançar nas duas rodadas finais.

Time para brigar o Flamengo tem. Torcida e camisa também.
Falta a regularidade:
nem o marasmo do Clássico dos Milhões, nem a blitz do jogo diante do Coxa.
No caminho, vencer os dois Palestras e levar o hexa para a Gávea.

Thursday, October 23, 2008

Cento e uma vitórias de Luxa

Luxemburgo nunca havia perdido mais de um jogo por ano em casa como técnico do Palmeiras. Os números do treinador no Palestra Itália são impressionantes: 119 jogos, 97 vitórias, 16 empates e apenas seis derrotas.

A primeira delas foi em 1993, para o Santos. O time que viria a ser campeão brasileiro estava com cinco vitórias em cinco jogos na segunda fase daquele Brasileirão, e perdeu por 1 a 0, na noite de 11/11, com quase 32 mil pessoas assistindo ao gol de Guga no segundo tempo.

Depois, em 1994, campeonato do bi. O ótimo time do Guarani chegou ao Parque Antártica e venceu, também pela segunda fase, com gol de Amoroso, já aos 37 minutos do segundo tempo, em 03/11.

Em 1995, último jogo de um Brasileirão (03/12) que o Palmeiras teve campanha ruim. Já eliminado, apenas mil e oitocentos pagantes foram ver a Portuguesa vencer na Barra Funda, 2 a 1, gols de Flávio. Nilson descontou para o Palmeiras.

Em 1996, a quarta e mais sentida das derrotas de Luxa no Jardim Suspenso. Após o título paulista do ataque dos 100 gols, a final da Copa do Brasil, diante do Cruzeiro. Na ida, 1 a 1 no Mineirão, com Cláudio para o Palestra verde e Marcelo Ramos para o azul. Na volta, e, 19/12, vitória dos mineiros por 2 a 1, de virada, com Roberto Gaúcho e Marcelo Ramos. Luizão marcou a solitária comemoração dos palmeirenses.



As duas recentes, neste segundo semestre. 3 a 0 para o descompromissado Sport no returno do Brasileirão e, na última quarta-feira, 1 a 0 para o Argentinos Jrs. pela Sul-Americana. Para o fim do Brasileirão que o Palmeiras luta pelo penta, Goiás, Grêmio, Ipatinga e Botafogo desembarcarão em Congonhas e atravessarão o lance de arquibancadas do Palestra rumo ao vestiário.

Vale o Palmeiras fazer valer o retrospecto. O cem por cento em casa é o mínimo para o time se sagrar campeão do Brasil, com Luxemburgo chegando as 101 vitórias.

Wednesday, October 22, 2008

O craque não pode ser triste

Quando a memória real se confunde com as viagens e miragens da imaginação os fatos começam a se embaralhar, mas a primeira revista que me lembro, com detalhes, de ter lido foi uma Placar de 1995.

Meus pais assinaram a revista mensal e a primeira edição como assinante chegou num 19 de abril, exatamente meu aniversário de sete anos. A capa trazia a famosa foto de Edmundo com um urso de pelúcia. Edmundo era meu maior ídolo naqueles poucos anos de palmeirense, junto de Evair.

A partir de então, passei ainda mais a acompanhar a carreira de Edmundo. Lembro da Fiorentina e o patrocínio da Nintendo, depois a volta pro Carnaval carioca em meio à temporada, o ano incrível no Vasco 1997, o banco na Copa 1998, o golaço sobre o Manchester (que drible no Silvestre), a passagem conturbada no Fluminense, o Japão, o belíssimo campeonato no Figueirense após um quase fim de carreira no Nova Iguaçu, a volta ao Palmeiras e agora o novo Vasco. Edmundo é pra mim dos últimos que valem o ingresso. Craque, na melhor definição da palavra (aquele que brilha e decide uma partida com frequência).

Nesta semana, assisti uma matéria sobre o embarque do Vasco para Goiânia, onde enfrentaria o Goiás pelo Campeonato Brasileiro. O repórter entrevisou Madson, considerado por alguns o melhor jogador do Clássico dos Milhões vencido pelo Flamengo no domingo último, sem Edmundo entre os cruzmaltinos.

Edmundo estava triste.

E temi por um fim de carreira triste. O Vasco está mal das pernas com um ambiente político interno conturbado. O novo presidente Roberto Dinamite (craque) convive com o fantasma de Eurico Miranda e jogadores jovens têm toda a responsabilidade nas costas.

Edmundo viajou quieto, liderou o time no Serra Dourada, fez dois gols, deu uma assistência e foi o típico "Dez e a faixa" de um time sem identidade. Edmundo prova que o craque, de verdade, na melhor definição, é mesmo aquele que decide uma partida com frequência. E quantas já decidiu.

"A volta de Edmundo dá um sopro de inteligência e técnica para o Vasco", disse o narrador após o Animal sofrer o pênalti que resultou o quarto gol na vitória por 4 a 2.

Dá um sopro de craque.