Wednesday, October 22, 2008

O craque não pode ser triste

Quando a memória real se confunde com as viagens e miragens da imaginação os fatos começam a se embaralhar, mas a primeira revista que me lembro, com detalhes, de ter lido foi uma Placar de 1995.

Meus pais assinaram a revista mensal e a primeira edição como assinante chegou num 19 de abril, exatamente meu aniversário de sete anos. A capa trazia a famosa foto de Edmundo com um urso de pelúcia. Edmundo era meu maior ídolo naqueles poucos anos de palmeirense, junto de Evair.

A partir de então, passei ainda mais a acompanhar a carreira de Edmundo. Lembro da Fiorentina e o patrocínio da Nintendo, depois a volta pro Carnaval carioca em meio à temporada, o ano incrível no Vasco 1997, o banco na Copa 1998, o golaço sobre o Manchester (que drible no Silvestre), a passagem conturbada no Fluminense, o Japão, o belíssimo campeonato no Figueirense após um quase fim de carreira no Nova Iguaçu, a volta ao Palmeiras e agora o novo Vasco. Edmundo é pra mim dos últimos que valem o ingresso. Craque, na melhor definição da palavra (aquele que brilha e decide uma partida com frequência).

Nesta semana, assisti uma matéria sobre o embarque do Vasco para Goiânia, onde enfrentaria o Goiás pelo Campeonato Brasileiro. O repórter entrevisou Madson, considerado por alguns o melhor jogador do Clássico dos Milhões vencido pelo Flamengo no domingo último, sem Edmundo entre os cruzmaltinos.

Edmundo estava triste.

E temi por um fim de carreira triste. O Vasco está mal das pernas com um ambiente político interno conturbado. O novo presidente Roberto Dinamite (craque) convive com o fantasma de Eurico Miranda e jogadores jovens têm toda a responsabilidade nas costas.

Edmundo viajou quieto, liderou o time no Serra Dourada, fez dois gols, deu uma assistência e foi o típico "Dez e a faixa" de um time sem identidade. Edmundo prova que o craque, de verdade, na melhor definição, é mesmo aquele que decide uma partida com frequência. E quantas já decidiu.

"A volta de Edmundo dá um sopro de inteligência e técnica para o Vasco", disse o narrador após o Animal sofrer o pênalti que resultou o quarto gol na vitória por 4 a 2.

Dá um sopro de craque.

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