Monday, November 10, 2008

Outra sobre (outra) derrota no Palestra

Desci as arquibancas, andei naquele apanhando de gente vestida de verde e calada, tomei a Turiassu, em silêncio. Se tratando do time para qual torço nunca fui dos mais otimistas. Não para bancar o realista ou o racional, mas por colocar os problemas do jogo (técnicos, físicos, táticos) muito acima de qualquer emoção que sinto a cada quarta, a cada domingo.

Assim me previno das frustrações. Um passivo Leandro ganharia o duelo com Souza? Difícil. Então o Leandro marca, mas o Granja sobe, certo? Duvidoso. Um meio com três volantes e Evandro, mais um quarto volante que um meia-atacante, armariam diante de uma das melhores duplas de volantes do campeonato, formada por Rafael Carioca e William Magrão? Provavelmente não. Denilson seria criativo e eficiente contra o time com maior proposta defensiva da Liga, jogando fora de casa, e satisfeito com um empate? Nunca. O isolado Alex Mineiro criaria chances de gol sem Kléber, e, portanto, marcado por dois beques? Muito complicado. Maicossuel, Lenny e Jorge Preá mudariam algum cenário de jogo em que o time mandante está perdendo, pressionado, e sem padrão tático? Impossível. Então, num jogo truncado, pegado, de um time gaúcho se defendendo e um time quadrado atacando, muitas faltas tendem a surgir. Certo. O Palmeiras teria um batedor competente para um cruzamento, no mínimo, perigoso? Não.

Visto isso, pra não dizer que subi o Jardim Suspenso pouco confiante, acreditava numa vitória magra. Uma roubada de bola, um único bom cruzamento, um gol, assim, aleatório, não num momento que o Palmeiras tivesse efetivamente a posse de bola. Porque a posse de bola teve, mas, visto o campo descrito acima, não teria ferramentas nem espaço para alcançar a meta gremista.

Mas volto ao ponto da emoção, afinal era domingo. Almocei com meus pais assistindo futebol, religiosamente. O sol na janela do carro, a rádio Bandeirantes transmitindo um delicioso Palmeiras x Grêmio do fim da década de 60, narrado por Fiori Giglioti. Sob o Elevado Costa e Silva, as camisas pra fora dos ônibus, as lotações tomando a Barra Funda. Um clima de confiança indescritível. Diria que impossível não imaginar que 'vai ser lindo tirar o título dos bambi (sic) esse ano' (mesmo acreditando que o São Paulo seria o campeão desde o momento que empatou com o Palmeiras), como gritava um senhor com a camisa 10. Vaga camisa 10.

Aí vale lembrar o golaço que Alex marcou no mesmo Grêmio, no mesmo Palestra, no mesmo gol das piscinas, no distante 1997. Vale imaginar que em casa somos fortes, que o retrospecto do técnico-comentarista nas próximidades das torres dos Matarazzo é ótima. Vale ser o maior palmeirense do mundo, aquele que acredita ainda que, há quatro rodadas do fim, seremos campeões, e com uma rodada de antecipação.

Mas não consigo.

Realmente o time que entrou em campo ontem não merece ser campeão. Jogadores que, juntos, não formaram um grande time, e, por isso, não me frustraram nem os condeno, muito menos considero que sejam pipoqueiros ou algo do tipo.

Os times de Leão, Estevem Soares ou Caio Junior ficaram em quarto, quinto lugar. No bolo, mas sem o C do campeão. Sem prometer festas, comprar a cerveja ou encomendar os rojões.

O do 'melhor técnico do mundo', também.
Só que mais caro, mais visível e mais estrelado, por uma série de fatores.

Mais frustrante? Não.
Diria mais silencioso. Mais dolorido. Mais marcante.
O Palmeiras muitas vezes perdeu.
Esse, não ganhou.

Marcos

Marcos pode ir pro ataque quando quiser, do primeiro ao último minuto.

No CT da Barra Funda ou em Wembley.

Marcos pode fazer o que fez. Não por ser Marcos, mas por ser palmeirense.

Poderia ser o Bruno, o Deola, o Diego Cavalieri.

Marcos foi mais de 26 mil cabeças na área.

26 mil cabeças palmeirenses.

E dane-se a tática que veste terno importado.

Porque com a camisa que ama feito pele.

Marcos quer ganhar.

Sempre.

E daria a vida por uma bola que passasse a linha gremista.

Aos deuses da racionalidade:

as gravatas.

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